quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Anotações

I.
É estranho o perceber de que a frieza é uma vizinha incrivelmente próxima da fragilidade. Assim como é estranho o choro ser tanto um tipo de coragem como de sinceridade.

II.
Disse Caetano:
Quem vê assim pensa que você é muito minha filha
Mas na verdade você é bem mais minha mãe
Meu bichinho bonito, meu bichinho bonito
Meu bichinho bonito
Tudo é mesmo muito grande assim porque Deus quer
Minha mulher

Disse Kundera:
No entanto, sendo Marie-Claude uma mulher, que outra mulher era essa que se escondia nela e que ele tinha de respeitar? Não seria essa a idéia platônica de mulher?
Não. Era sua mãe. Jamais lhe teria ocorrido a idéia de dizer que o que ele respeitava em sua mãe era a mulher.

Disse Jung:
Os efeitos do complexo materno sobre o filho são representados pela ideologia do tipo Cibele-Átis: autocastração, loucura e morte prematura.

Disse Freud:
Tô fatal O que tenho em mente é a lenda do Rei Édipo e a tragédia de Sófocles, que traz o seu nome.

III.
(Vinicius foreshadows o luto)
Boa noite, Pablo Neruda. Neste instante
Ouvi cantar o primeiro pássaro da primavera
E pensei em ti. O primeiro pássaro da primavera
Cantou, parece incrível. Mas ainda existem pássaros
Que cantam em noites de primavera.

Estou sozinho e tudo é silêncio. Meus filhos
Foram dormir. Minha revolta, provisoriamente
Também foi dormir. A verdade, poeta
É que te tenho presente, a cerveja está bem gelada
E o pior ainda está por vir.

IV.
Um soneto itinerante, provindo de uma temporada em companhia na Europa, assim como dos momentos que imediatamente a precederam. Infelizmente aportou tarde demais para ainda ser feliz. Mas espero que, não obstante, resguarde seus significados.

Lyra

Vela branca a esmo, enorme lenço em lágrimas;
ombros sinceros e uma estrela no lugar
dos olhares fumegantes dos que passam.
O final triste de um longo livro, a chuva

cai na cidade estranha, uma frase em fúria,
o sopro de uma tarde serena e o álcool
frio nos revela aquilo que inda não somos.
Doando sentimentos duplos nas gírias

deitamos o entrave em quadrinhos, inverno
lá fora, dormentes no chão como lenha:
diamantes da gente – a imaginação.

Arde um trovão, desce o susto que ancora,
à noite no mastro não se sabe um palmo
mas a vida cora e nossa cor é rubra.

Pan...

Um comentário:

  1. É estranho o perceber de que a frieza é uma vizinha incrivelmente próxima da fragilidade. Assim como é estranho o choro ser tanto um tipo de coragem como de sinceridade.

    concordo
    beijos,
    renata :)

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